Eu que sou medeia!eu a vampira!eu o espectro!

alimento-me do meu corpo que sangra, como se fosse um vampiro...
cozinho cada pedaço de coração que lateja, misturo com a raiva toda que consigo suportar sem cair, mais a mágoa que me cobre o rosto, e as mãos ainda em sangue....
depois da mistura bem fervida adiciono os que tu mais gostas, já previamente arrancados do teu corpo (como carraças) e estraçalhados, picados e liquidificados...
olha...ali estou eu e estás tu... sei que fui uma sombra, mas uma sombra é o que vais continuar a ser...e sob o espectro da tua mortalidade pairará a culpa com que me deixaste e a ferida que cozinhei para ti... é dela que continuará a escorrer ininterruptamente a solidão, a traição , a queda e o pus em que o que resta de ti se tornou...até ao fim dos teus dias!...
dormirás com o peso do que foste e dos que achavas que amavas, bem como com a leveza do que já não és! ficarás vazio de ti e cheio de toda a merda que me entupia o ventre!!!
"QUERO CINDIR A HUMANIDADE EM DUAS PARTES E HABITAR NO MEIO VAZIO, EU!NEM HOMEM NEM MULHER!pior do que a morte é ser-se velho!
"o amor vai e vem", mas a solidão e a raiva ficam aqui dentro a borbulhar!