Thursday, February 26, 2009

Impossible is temporary

Há vezes em que quero dar um passo maior que a perna.

Há vezes que o youtube rejeita os nossos vídeos.

Há vezes em que somos tomados pela teimosia e pela demência.

Há vezes em que fazemos isto http://impossibletemporary2009.blogspot.com

Monday, February 16, 2009

Exercício que partiu de uma garrafa de Yop Líquido

Ás 18h37 expira o meu prazo de validade. Não tenho grandes feitos de que me orgulhe, não tenho grandes lembranças. Nunca fui o melhor da rua a jogar ao berlinde, o que tinha as botas mais engraxadas do quartel, ou o que lava as casas de banho com mestria simplesmente munido de uma escova de dentes. Quando penso nisso constato a inutilidade de numa guerra saber limpar, ladrilho a ladrilho uma casa de banho decentemente.
Nunca fui o pai babado, mas o cabrão que não aguenta a mulher em casa a remoer as dificuldades de inventar uma nova ementa para a semana, e assim sendo, tem uma suplente que não reclama das dores de cabeça e geme bem alto para meter inveja aos vizinhos.
18h37, porque não 18h38, ou mesmo às 18h40? Porque certamente a minha morte é escandinava e entretanto há uma festa vernissage às e 45 e chegar atrasado 1 minuto significa perder a oportunidade de cravar o dente em pelo menos 2 camarões.
Vantagem tive a de me chamar Yop, dava para fazer os trabalhos de casa enquanto o resto da turma os lia ou então chegar mais um minuto atrasado e não faltar á chamada. Não! Estou a ser demasiado benevolente. Há mesmo só desvantagens. A de me chamar Yop e ter que levar com piadas que envolviam a família Von Trapp e o José Figueiras vestido de tirolês.
Posso dizer que evolui, já não convivo com a gritaria da minha mãe a chamar-me para jantar. Aquela que conseguia ser ouvida pelo menos no bairro todo. Só de me lembrar como me arrepiavam aqueles berros à janela “Oh Yop Migueliiiii”, isto enquanto ela sacudia os tapetes do quarto e lhe batia furiosamente com a mão.
Nunca tive grandes gostos para vestir, digamos que certamente azul e roxo não é grande escolha para o dia em que se morre.
Apenas me questiono sobre o que poderá acontecer. Será que a minha alma se transformará numa nata pastosa, meio esverdeada…ou me virá um gosto a azedo à boca mesmo antes de expirar?
Lembro-me que não tirei a louça da máquina.
18h35.
Batem-me à porta. Fui abrir. Ao contrário do que esperava não era ninguém alto e louro.
Tinha bigode, mãos peludas e ásperas e um certo cheiro a cigarrilhas cravado naquele blusão surrado de cabedal. Entre dentes atirou-me:
- Vamos embora que ainda tenho que levar uma velhota que mora ali na mercearia e apostei com o Evandro que conseguia que ela morresse enquanto tirava uma embalagem de tampões da prateleira de cima.

Wednesday, February 11, 2009

Sobre mim

"És um ponto de restauro. És a última definição óptima antes do erro." *
(A.G. aka S.#13)
* isto faz-me lembrar um post que escrevi ha pouco tempo http://semtitulocemvontade.blogspot.com/2008/12/concluses.html

Sunday, February 08, 2009

Slumdog millionaire


Vi o slumdog millionaire e devo dizer que o achei fabuloso, fantástico, denso, apaixonante, arrebatador, surpreendente, um murro no estômago!!! Achei espectacular a interpretação daqueles 2 miúdos e incrível aquele cenário de miséria, coincidências e desespero...
Sempre tive curiosidade de conhecer a Índia, hoje essa vontade tremeu um bocado e tive medo de viajar e conhecer a crua realidade de viver como um cão sarnento e abandonado...
Já não me sentia assim desde o Cidade de Deus... Um Óscar por favor, um Óscar!!!

Exercício 2 - escrever sem "que"

Um café com sabor, com cheirinho, com espuma, com leite, com um chocolate a acompanhar.
Pensei em escolher um café, acabei por me decidir por uma água das pedras pois a conversa avizinhava-se pesada e indigesta.
Chegaste atrasado como sempre, depois de uns bons 20 minutos sem responderes aos meus telefonemas constantes ou aos sms em tom de crescente aborrecimento.
Cheguei a pensar fazer desenhos no vidro embaciado, mas acabei a folhear a TV7 dias e a ouvir a conversa do lado.
Mal puseste o pé no café lancei-te logo aquele olhar irónico onde se lê "Oh estou tão surpreendida pelo atraso".
O meu discurso estava a ensaiado desde a festa da espuma na Zambujeira, já fazia uns bons 3 meses. Ponderei apontar-te os defeitos, fazer o choradinho ou ser seca e ríspida como uma fartura "re-frita" na Feira de Grândola.
Sentaste-te, pediste um café.
Lia-se Nicola na chávena. Sorriste...
Perguntaste-me as trivialidades do costume como se não falássemos todos os dias. Achaste-me estranha, nervosa e diferente...
Ainda aguentei uns bons 2 minutos de sorriso amarelo e mãos trémulas a tentar fintar a questão...
Não consegui. Num daqueles silêncios incómodos formou-se um vazio e eu gritei:
- João, beijas pessimamente, o teu hálito é insuportável por causa dessa cárie gigante no dente da frente, e... Todos os meus orgasmos foram fingidos! Mas sou boa actriz não sou?

Exercício 1 - escrever uma história com as seguintes palavras: luva, rugby, chouriça, Mantorras e janela

Ele era alto, de aspecto gutural e nariz fino.
Calçava o 43 (pé pequeno para a envergadura), gostava de passear o seu Grand Danois Piruças pela fresca e tinha predilecção por caixas de fósforos.
35 anos, roía as unhas até ao sabugo, tirava o lixo debaixo das unhas com uma navalha e usava a sua camisa favorita de quadrados vermelhos de flanela.
Apaixonado por Nijinski e pelo Bailado Russo era mestre na arte de cortar a chouriça em pedaços fininhos para usar no caldo verde ou no arroz de pato.
Trabalhava na Tasca do Zé ao balcão cravado de nódoas de tinto alentejano, onde ainda escorria a gordura dos coiratos.
Um dia, depois de mais uma bebedeira com Moscatel de Setúbal andou ao murro a um preto. Ele chamava-lhe Mantorras, não pelo pé esquerdo que mesmo com rebites marca golos, mas porque é o que chama a todos os pretos para facilitar.
Fez-lhe uma placagem como no rugby e mandou-os ao chão com os seus ténis brancos da Nike.
Calçou as luvas, sacou da navalha com que limpava as unhas e esfaqueou-o ali na Tasca, entre o balcão e a montra dos sumos e dos queijos cheia de moscas.
Sacou do cigarro e foi fumar para a janela. Chovia mais uma vez e ele tinha deixado a roupa na corda.

Tuesday, February 03, 2009

Choro e coisas

Desço a Av. da Liberdade e choro suavemente...coisas do frio.
Entro no metro à beira das lágrimas...coisas do calor abafado dos corpos depois de uma segunda-feira.
Fecho a porta de casa e choro...coisas de cortar cebola.
Vou à varanda e surge uma gota no meu olhar...coisas da constipação.
Adormeço e choro compulsivamente...coisas dos pesadelos.
Acordo e choro...coisas do sono.
Choro...coisas da dor da mentira.

Monday, February 02, 2009

B plan

Sou mesmo o plano B…
Sou mesmo a pessoa que ouve o “pode ser que dê”, “pode ser que possa” ou "se der vou lá ter” demasiadas vezes e que fica verdadeiramente à espera do que não acontece…
Sou a que fica na fila, de senha na mão à espera que chegue a minha vez de ser escutada e ainda apanha com o senhor doutor a despachar-me porque tem mais que fazer…
Sou demasiadas vezes o plano B…ou até o C...
Sou o plano B...mesmo para mim própria…

PF Formação

Enviei este texto antigo e fui aceite no workshop de Escrita Criativa I das Produções Ficticias, o curso começa este sábado e eu estou a precisar urgentemente de conhecer pessoas novas e pôr-me à prova...

A escrita é um acto de masturbação comigo mesma!
É maioritariamente isso... Um movimento circular dos dedos em volta da vagina ou do teclado onde substituo o prazer do toque do outro pelo meu. É um toque egoísta e narcisista onde o que importa sou eu e o meu orgasmo, que se deixa ali no meio dos lençóis... Que se foda quem lê!!
A escrita é acto de amor, é um acto de cópula com o outro, escrito para ser lido e para ser sentido a dois num ritmo próprio que só os nossos corpos entendem... Descrito para haver a troca, ora eu por cima, ora ele, até ambos nos sentirmos a suar e as coxas a estremecer... É um movimento em remoinho que acontece de dentro para fora e que se deixa adormecer nú em cima dos tapetes da sala!!
A escrita pode sempre ser sexo rápido quando estamos com o período, onde as palavras são deixadas em desalinho para serem lidas mas não interpretadas, para serem preenchidas. Como uma foda. Depois de um banho libertamo-nos do cheiro e do toque do outro. O que ficou do momento foi simplesmente um preservativo cheio de esperma e sangue no fundo do caixote do lixo da cozinha. É papel higiénico. Só se usa uma vez, puxa-se o autoclismo sem olhar para trás, sem se reler.
Ás vezes é ela quem manda, outras vezes sou eu, como numa relação masoquista em que o que seduz é a relação de dominação e de poder do outro...O que dói é o que se quer mais, sempre.A escrita é masturbação, é amor sem sexo, é sexo sem amor, é narcisista, é inocente, é prostituta... A escrita sou eu.

Sunday, February 01, 2009

Vicky Cristina Barcelona

Vi e gostei... Foi um bom serão passado no cinema com o humor e os relacionamentos estranhos mas tao comuns no mundo do Woody Allen...
Agora só me faltam ver:
- Milk
- O rapaz do Pijama às riscas
-A dúvida
- Slumdog millionaire
- Revolutionary road
- A duquesa
- Gran Torino



Acho...