Thursday, March 19, 2009

cenas...


Sabe bem estar. Estar contigo, estar comigo, estar a sós.
No rebuliço dos sacos de papel, de plástico, de papel e plástico... no meio das malas, dos necessaires e dos arquivos em cima da mesa do café. Aqueles arquivos empoeirados, jogados para dentro de uma pasta, sem furar, sem organizar, sem nada. O verde que grita, o verde que é BES, que é seguro, que afinal é só mais um folheto no meio do passeio.
As setas, os elevadores e a música que preenche o vazio das pessoas. Os espelhos que gritam dietas e os lavabos onde se cortam as costas do colega do lado, isso enquanto se lava as mãos, retoca a maquilhagem ou se limpa os óculos. Livros, carteiras, bibelots, sapatos, máscaras, cebolas, beterrabas, máquinas fotográficas, vestidos e pensos higiénicos. Eu penso que é pouco higiénico toda esta misturada, salganhada de padrões, de patrões e de empregados...
Dói-me o pulso, arrasto a cadeira, cruzo as pernas, procuro o tabaco mas afinal não fumo...só deixo esfumar o tempo, condensar a espera e viajar a paciência.
Não sei se fico, se vou, se quero, se te quero, se penso, do que preciso, do que mereço, com o que sonho, onde pertenço...não sei nada afinal...ou sei que não sei nada...
Sei que espero por ti e não vens, não conversas, não escutas, não estás, não prometes, não desejas, não voltas, não olhas, não nada...
Outra vez nada...Sinto-me no nada, no vazio, entre uma comporta e um rio prestes a secar... Devo deixar sair a àgua, devo desabar, soltar, gritar até arranhar a garganta, até sangrar... Devo conter? Deixar o rio morrer à sede, sufocar, suspirar, suster até se findar? Destruição das duas formas, das duas maneiras... E a destruição é o nada, o zero, o início, o fim, o abandono...

No comments: