Wednesday, November 21, 2007

De conversas com o Becas

A escrita é um acto de masturbação comigo mesma!
É maioritariamente isso... Um movimento circular dos dedos em volta da vagina ou do teclado onde substituo o prazer do toque do outro pelo meu. É um toque egoísta e narcisista onde o que importa sou eu e o meu orgasmo, que se deixa ali no meio dos lençóis... Que se foda quem lê!!
A escrita é acto de amor, é um acto de cópula com o outro, escrito para ser lido e para ser sentido a dois num ritmo próprio que só os nossos corpos entendem... Descrito para haver a troca, ora eu por cima, ora ele, até ambos nos sentirmos a suar e as coxas a estremecer... É um movimento em remoinho que acontece de dentro para fora e que se deixa adormecer nú em cima dos tapetes da sala!!
A escrita pode sempre ser sexo rápido quando estamos com o período, onde as palavras são deixadas em desalinho para serem lidas mas não interpretadas, para serem preenchidas. Como uma foda. Depois de um banho libertamo-nos do cheiro e do toque do outro. O que ficou do momento foi simplesmente um preservativo cheio de esperma e sangue no fundo do caixote do lixo da cozinha. É papel higiénico. Só se usa uma vez, puxa-se o autoclismo sem olhar para trás, sem se reler.
Ás vezes é ela quem manda, outras vezes sou eu, como numa relação masoquista em que o que seduz é a relação de dominação e de poder do outro...O que dói é o que se quer mais, sempre.
A escrita é masturbação, é amor sem sexo, é sexo sem amor, é narcisista, é inocente, é prostituta... A escrita sou eu.

5 comments:

Parrachanderson said...

Bom, depois de me erguer do chão após o arrebatamento deste texto, saúdo-te.

Aqui está uma descrição daquilo que a escrita proporciona a muitos de nós, que tal como no acto sexual, há quem se preocupe mais em agradar ao outro e há quem se preocupe apenas em atingir o seu próprio clímax. Qualquer um dos dois é legítimo, depende apenas do estado de alma, do estado da relação, etc.

Saúdo-te sobretudo pelo desabafo.

Roxanne W. said...

lol...ha cada coisa que descobrimos que morava em nós após uma conversa...e que valor têm as conversas...

Anonymous said...

Apetece-me dizer que nunca li nada assim: "Nunca li nada assim!!!"

adorei...

Budah said...

Viva a escrita! Abaixo os vibradores!

Sónia Balacó said...

Ai, como eu gosto desta Rossana visceral! Me gusta, me gusta.