Saturday, September 29, 2007


Está sempre comigo nesta altura do mês... Mais de noite que de dia, embora surja muitas vezes à janela envidraçada do meu 7º piso.
É nas alturas que quero estar sozinha, que me acompanha sentando-se ao meu lado no cinema, a ocupar um lugar num filme que não quer ver...
Vem contar os meu suspiros, ver os desenhos que fazem os meus pensamentos ilustrados com um leve encolher de ombros por respirar fundo...
É sempre na lua cheia que aparece de mansinho tipo sombra...
É sempre na mesma altura que janto com a melancolia.
Este mês não chegou mais cedo, nem mais tarde, chegou à hora do costume.

Sunday, September 23, 2007

Por falar em infância....

"O jogo em que ganha quem mais bolas papa"

Incrível como ainda balanço ao ouvir isto...puros 80's

Respostas a Budah



No meu tempo, é verdade, bebia leite com chocolate da escola com bonecos feitos por outros miúdos, como não gostava muito divertia-me mais a rebentá-los com os pés...


No meu tempo a escola não tinha baloiços, tinha uns ferros ferrugentos onde imaginávamos que estavam baloiços...


No meu tempo usavam-se botas de borracha com dois olhinhos...


No meu tempo as tardes eram passadas a ver o alf, o lucky luke, e coleccionávamos os pega-monstros das batatas fritas...


No meu tempo as roupas não condiziam e os ténis não tinham que ser de marca, já que eram pra esfolar e sujar à vontade...


No meu tempo haviam combates de pião aqui na rua, sessões de berlinde, jogo do stop, da mosca, e até o bairro inteiro a esconder-se, só valia em duas ruas...


No meu tempo fazíamos colagens com caixas de iogurte quadradas da Vigor...


No meu tempo os miúdos não eram hiperactivos, eram enérgicos, não eram obesos, tinham apetite...


Na escola fazíamos colecção dos bonecos do Tou no Bollicao, íamos à praça com os pais sábado de manhã e aos domingos à tarde íamos para o jardim andar de bicicleta!


No meu tempo as ruas tinham jardins, não existia telemóvel e quando queríamos ir brincar batíamos à porta dos vizinhos e dizíamos "o Rui pode vir brincar?"...


No meu tempo quando queríamos gravar músicas precisávamos de perícia com o Rec e o Play e sorte para não dizerem as horas a meio...


No meu tempo sonhava em ser grande e poder participar nos Jogos Sem Fronteiras e vía-me na faculdade a participar nos Doutores e Engenheiros...


No meu tempo a escola tinha um jornal que saía todos os meses e onde só os que tinham a letra mais bonita escreviam...eu não era um deles...


No meu tempo queria abraçar o monstro das bolachas, via episódios repetidos da Ana dos Cabelos Ruivos e não tinha DVD...


No meu tempo sempre que se quisesse saber de um assunto era ver-nos dentro da biblioteca entre prateleiras...


No meu tempo a àrea escola era sempre sobre os mesmos assuntos, o Vasco da Gama...


No meu tempo não íamos aos hipermercados, íamos à mercearia...


Sonhava em ter todo o Lego do Mundo!!!!


No meu tempo íamos para a praia no início do verão fazer as aulas de Educação Física... Chovia dentro do Pavilhão, não tínhamos persianas e íamos a pé para a escola!


No meu tempo líamos a SuperJovem e fazíamos colecção dos posters de Jogadores de Futebol, não íamos ás discotecas aos 13....


No meu tempo quando fazíamos anos os nossos amigos vinham comer a nossa casa, não aos restaurantes e havia sempre Panrico, Frango Assado, Gomas, Batatas Fritas, Sumol (em garrafa de vidro), Coca-Cola, rebuçados Floco de Neve...


No meu tempo era apaixonada pelo MacGuyver, pelo Justiceiro e via todos os episódios do ScoobyDoo...


No meu tempo não havia cadeiras de bebé com 4 rodas, protecção de pescoço, ergonómicas e sei lá que mais, os berços eram de ferro e só tínhamos viagem de finalistas no 9º ano....


No meu tempo fazíamos espectáculos para os pais com teatro, música, dança....


No meu tempo...fogo...já foi há tanto tempo....Era feliz...

Thursday, September 20, 2007





Recordo aqueles dias de início de escola... numa daquelas escolas primárias que foram construídas na altura da ditadura...
Sente-se o começo do outono, olha-se de lado para o abandono dos vestidos com mangas em balão, a meia de renda e as hora infindáveis a jogar na rua com o Bairro inteiro, quando não era o paraíso da droga.
As primeiras gotas de chuva que deixavam o pátio com um cheiro intenso a terra molhada. As minhas sandes com queijo ou fiambre, uma banana e um Caprisone..ou quem sabe um yogurte da Yop!
É o tempo de reecontrar os colegas e mostrar as malas novas, as lancheiras novas, os lápis novos, as canetas que tinham cheiro... Adorava a ida à papelaria Coelho e os cheiros a cadernos novos, a livros por abrir... chegava a casa e abria-os com cuidado para absorver o momento de estreia de cada um... que vontade de os ler de uma ponta a outra e de fazer os exercícios todos... É tempo de regressar ao ATL e às aulas de costura, de colagens, de jogos (adorava o supermercado mas principalmente a carpintaria e o cheiro a cola de madeira, a serradura...).
Lembro-me daqueles sapatos de verniz que me ofereceste...eram pretos com um laço na frente... eram brilhantes, sem um risco... compraste-os na feira porque tos pedi... porque sempre quis ter uns... Lembro-me de andar na rua e estar sempre a olhar para os pés, de estar sempre a tentar mostra-los a alguém e receber um "que sapatos tão bonitos!" ao que eu respondia sem os dentes da frente "sim, foi o Vô que mos deu!"

Tuesday, September 18, 2007

How much am i worth? será que é uma boa questão?

Há que salientar que isto é o que eu valho na américa!!!! e que há muitas questões avaliadas que me causam espécie... tal como aquele teste de qi que é em forma de proverbios em inglês...assim sendo sou uma naba, por isso assumi o meu qi como sendo 100!!! e falar mais do que 1 língua não da bónus???? discordo...

Sunday, September 16, 2007

Arrepios



Tenho ido algumas vezes ao cinema de forma a poder aproveitar os ultimos dias sem aulas e do que já vi há que dizer:
- Death Proof do Tarantino é absolutamente genial!!!!Volta o génio de Pulp Fiction e Kill Bill e os seus diálogos fabulosos... aí está uma pessoa com quem gostaria de beber um café!!!
- Hairspray com o Travolta a fazer de mulher "gigante", é um musical muito divertido e light para quem queira sair do cinema com energia e um sorriso.
- Declaro-vos marido e marido é outra comédia, com o Adam Sandler com umas cenas muito divertidas...outro filme light para quem se queira divertir.

- A Mighty Heart com a Angelina Jolie é um drama baseado no desaparecimento de um jornalista americano no Paquistão. O filme mostra-nos um bocado da realidade do país e também uma Angelina Jolie extraordinária!

Apesar da minha gripe estar a começar a avançar no terreno e isso me dar um sono desgraçado, arrepiei-me muito numa cena do filme em que ela tem a confirmação de que o marido foi morto por extremistas, e ainda mais, foi decapitado... de certo que se lembram de ja ter visto imagens na televisão com o vídeo... recomendo vivamente!Não o vídeo do decapitamento mas o filme!!!

E por falar em arrepio, não poderia deixar em branco o enorme arrepio que senti ao ouvir e ver Os Lobos, a selecção portuguesa de raguebi no mundial a cantar A Portuguesa... Somos a única selecção amadora em competição mas se quiserem falar de amor à camisola, de lutar até comer a relva, de orgulho de ser português por envergar a camisola das quinas, falem com eles... Os meus parabéns e as minhas reverências!

Saturday, September 15, 2007

Cortes na pele

Pelos relacionamentos suspiramos, sofremos, ansiamos, não queremos, fingimos que não queremos, queremos sofregamente, já quisemos muito, alguma coisa…
Sonhamos que vão ser perfeitos, ou já não acreditamos, ou até caem-nos dos céus aos trambolhões mesmo depois de termos jurado a nós mesmos que já não queríamos mais…
O problema, é que cada relacionamento é uma nova ferida que se abre.
Conhecemos alguém e isso significa mais um golpe no braço (na perna, nos rins…), que fica ali a escorrer a céu aberto como se fosse um esgoto…gota a gota ou de enxurrada! Quando o sonho acaba, os planos falham e o sufocamento aparece…
Há que fechar a ferida!
Podemos primeiramente ignorá-la, não acreditar que chegou a hora do remendo, querer arrancá-la com uma faca em brasa! Querer fazer um rasgo ainda maior! Querer enfiar as unhas sujas pelas goelas do outro que nos deixou ali a sangrar e arrancar-lhe as entranhas para saber como nos sentimos…
Depois ficamos ali de olhos esbugalhados e vidrados a olhar para aquele pedaço de sangue e pus que escorre do que somos. Sentimos o pulsar da raiva! Da raiva de nós mesmos (que tínhamos prometido esperar, que não queríamos mais, que nos iludimos, que nos adiámos!!!), do outro, de tudo…
Há quem expluda esta raiva toda no resto do mundo, há quem a coma às refeições, há quem a tome em comprimidos de 2 em 2 horas até a febre baixar…
Quando o remendo é finalmente cozido com linha, atado com cordas da roupa, fechado com agrafes, fita-cola, preso com molas, com cola Pica Pau (depois de já ter sido aberta algumas vezes, mal curada de outras), deixa sempre mazelas, cicatrizes, reumático, artroses, pontadas…
Por mais tempo que passe, o corte permanece…
O pior disto tudo é que cada nova relação tem um peso acrescido, o peso da relação anterior…
A próxima pessoa é então presenteada com todas as minhas cicatrizes, cortes, pontadas e queixas de todas as outras relações anteriores…
Nunca mais se recomeça tudo de novo…
Para além da primeira vez nunca mais nada é ingénuo, puro, naif, simples… Cada gesto é carregado de prefixos das cicatrizes do antigamente e subtraído ao sentimento pelo outro…
Somos todos uma manta de retalhos!.. Caminhamos mais pesados a cada novo corte…
Somos um poço de cicatrizes…
Somos um EU mais pequenino a cada novo TU que desaparece…


Que o próximo TU traga um novo objecto cortante (pois não se aceitam repetições), uma bebida e se acostume ao espectro dos outros como companhia…

Friday, September 07, 2007

Kopenhavn, Dresden, Praha, Nuremberg, München, Füssen, Salzburg, Wien, Budapest, Krakow, Oswiecim, Warshaw, Potsdam, Berlin

"faço-me à estrada, não penso em mais nada o que será de mim?


uma história em que o princípio mais parecia o fim.

na mala do carro só levo a guitarra e as letras que escrever...


vão falar desta viagem que não vou esquecer

vou partir, sem demora, vou partir.



parto sem saber, sem saber se sou capaz


deixo tudo para trás e vou para longe...


para longe...



se lá vou ficar o destino irá dizer, não há tempo a perder e vou para longe, para longe, para longe...


a meio do caminho já sinto saudades de quem lá deixei.. dou por mim aqui sozinho e assim fiquei...

ao fim de alguns anos começo a perceber
que é difícil estar tão longe de quem nos viu nascer


vou voltar sem demora, vou voltar...


parto sem saber, sem saber se sou capaz e vou para longe, para longe



se lá vou ficar o destino irá dizer. não há tempo a perder e vou para longe, para longe



para longe, para longe, para longe"

Interfotos....intersuspiros, intermemórias...

Não se trata de meter nojo a ninguém mas sim de partilhar alguns momentos do interrail que ficaram imortalizados nas fotos que tirámos... com pose e sem pose... a gostar mais ou menos da chuva, do frio, do calor tórrido, da comida, do comboio, das pessoas, de nós mesmas... Para além das fotos orgulho-me de ter resistido à preguiça e ter escrito sobre cada dia que passámos com a casa na mochila!!! ainda não o li, mas sei que quando o fizer vou encontrar tanta coisa que já me tinha esquecido, já que na memória e na pele ficam apenas os resquícios de cada cidade, como que imersos num nevoeiro denso...
a acompanhar as fotos a letra de uma música, a música do nosso interrail! tínhamos andado à procura dela há alguns dias, mas só na subida para o castelo das maravilhas a encontrámos...a ela e à melancolia...