Friday, May 18, 2007

O arranca corações


Na quarta feira fui ao FATAL ver uma peça do Técnico e fez-me pensar...
Afinal o que é teatro? O que o compõe? o que é suficiente?
Para variar na peça do Técnico os actores estavam nus, e não foi isso que não me fez gostar mais ou menos do que vi... Ok, confesso que a luz estava excelente e que as imagens visuais e de som eram fantásticas mas será isso suficiente? O que nos leva a classificar isso como teatro e não só como música, fotografia... sei lá?
Achei que o nu não trazia nada de novo ao espectáculo, não adicionava nada, não comunicava! Não é isso que se faz no teatro? Comunicar? Eo que o nu me comunicava? Nada, e assim será que vale a pena estar nú em cena? Será o facto de alguém estar a foder com uma espingarda ou a masturbar-se que faz disso teatro, que faz disso arte? Para mim que a masturbação aconteça mas que o actor esteja dentro da personagem, a viver o corpo que se masturba! Não é só "ah e tal que forte porque estão nus e se fodem uns aos outros..." onde está o actor? É só o papel de parede? O desenho, O esboço? E para mim, quando o actor não está lá é como estar a cuspir para a parede e para os olhos dos espectadores que coitadinhos vão contentes por verem pessoas nuas!!!! Vá lá!!!!!
Não posso negar a genialidade das luzes e da cenografia mas isso não basta, ou bastaria se os actores não estivessem em palco ou se mesmo sem falar estivessem dentro do personagem!!!! Comparo "O arranca corações" à semelhança entre pornografia e sensualidade, e para mim o gratuito por si só não basta. E se o texto existe na peça (pois pode não existir), há que ter cuidado com o que se diz e com a forma como se diz... A palavra é outra forma de comunicar no teatro e se é para assassinar o autor mais vale estar de boca fechada (recado para que interpretava um padre).
O mais curioso é que se me perguntarem sobre o que é a peça eu não sei responder, não houve história, não me fez pensar, não me fez odiar, nem gostar muito, apenas me fez suspirar de tanto nada que recebi (eu e muitas pessoas que estavam na audiência).
Mensagem para o pessoal do teatro do Técnico: de bestial a besta se passa num instante, se o objectivo da performance é fazer um felatio à inteligência do público, que alguém apareça nú com um cartaz a dizer isso à entrada, assim já nos preparamos para uma ejaculação precoce sobre a arte do "novo" teatro.

4 comments:

Anonymous said...

"Na quarta feira fui ao FATAL ver uma peça do Técnico e fez-me pensar..."
...mais tarde...
"O mais curioso é que se me perguntarem sobre o que é a peça eu não sei responder, não houve história, não me fez pensar"
Afinal fez pensar, não fez pensar, ou fez pensar em como não fez pensar? Cá para mim eles estavam a tentar demonstrar algum teorema de físico-química elementar por absurdo (mt s demonstra pr absurdo!) e ninguém percebeu =P
Fora de brincadeiras... não vi e não posso comentar, mas concordo em absoluto que "de bestial a besta se passa num instante", principalmente quando há bestas que querem imitar pessoas bestiais e, não as conseguindo perceber, se ficam por aquilo que aparentam.
***

Roxanne W. said...

o espectaculo em si não me fez pensar sobre aquele espectaculo em concreto mas sobre o teatro em geral...será que aquilo é teatro?

Ana Jerónimo said...

"de bestial a besta se passa num instante" : está bem dito. E essa passagem deve ter muito que ver com vaidade (estéril); levantas questões pertinentes no que respeita ao teatro. Quanto à peça nada digo, porque não vi.

Talvez isto te interesse. Talvez já tenhas visto. Pode não ter interesse nenhum para ti. Mas fica aqui.
http://rascunhonofatal.wordpress.com/

«Um coração sem coração»
À mesa com assassinos

Jorge Bicho said...

não vi a peça, mas sei dos teus textos e da forma como sentes as coisas nas tuas palavras, e eu assino por baixo o que dizes. nem tudo é arte, nem tudo vale a pena.
beijos
JB