Monday, November 27, 2006

Café


(...)O fumo do café liberta aquele odor de quem foi colhido por mãos negras, depois exportado, moído, embalado, depositado, filtrado, misturado com açúcar e seguidamente batido e deitado fora como uma argamassa espessa…
Recomeço a leitura… sem tirar os olhos das páginas, agarro no pedaço da loiça e deixo aquele aroma infiltrar-se pela boca, garganta até ao estômago aquecendo o caminho e voltar até à cabeça num movimento de arrepio…
Olho o vidro imaculadamente limpo e…ninguém…para além de uns miúdos com mochilas ou duas velhotas que animadamente parecem falar do episódio da novela (ou da vida de alguém) no dia anterior… Ninguém…
Não marquei contigo…mas cá no fundo esperava que viesses… o Teu café arrefece…a espuma desaparece e o cheiro esvai-se com a esperança que chegues e me digas que te atrasaste, que adormeceste…que te distraíste…
Fecho o livro…acabo com o que preenchia a minha chávena “Delta Platina”…
Amanhã à mesma hora?(...)

3 comments:

Roxanne W. said...

ai...a cafeína...ainda por cima com sabor luso em terras àridas de españa...

Anonymous said...

ah ah aqui estou pró café.
adiciona o meu messenger nitrofurano2010

arroba hotmail

ponto com

lol

Rui Barreiros said...

prosa pura perfeita! (PPP)